terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Um filhote

antigo post feito para um outro blog.

Passei pelo jardim e lá estava ele. Um pequenino, tão frágil! Dava "gritos". Devia estar chamando pela mãe. As penas do rabinho ainda não tinham crescido por completo. Senti uma agonia muito grande ao ver aquele filhotinho de pombo perdido, sozinho, naquele jardim tão grande, suscetível a tantas coisas. Muitas pessoas passam por ali e alguém podia fazer uma maldade pra ele. Pombos não são vistos com bons olhos.

Eu me lembro que desde pequena sempre achei pombos muito bonitos. Aqueles tons de cinza claro e escuro nas pontas das asas, o pescoço com outras centenas de cores que mudam conforme a luz do sol. Tem também os branquinhos, os pretinhos. Mas os cinzas eu sempre achei demais. Aí me falaram que são como uma praga, transmitem doenças e tal. Mesmo assim, ah, pra mim continuam tão bonitos!

De vez em quando, lá na rua aparecia um pombo machucado. Meu pai sempre os pegava, cuidava e depois botava pra voar. Achava isso tão bacana! Ele falava que eu não podia encostar neles, tinham uns tais "piolhos". Quando eu olhava de perto, via aqueles pontos pretos andando pra lá e pra cá no meio das penas. Mas ah, tão bonitos os pombos! Então eu só os admirava.

Mas voltando, lá estava o pequeno pombinho. E eu fui embora com ele na cabeça, pensando nele, matutando, matutando. Peguei minhas bolachas, esmigalhei num guardanapo e levei pro meu amiguinho - claro, imagine se naquela altura eu já não o amava de todo o coração!

Um amigo me acompanhou até lá.

- O que você vai fazer com essas migalhas?
- Vou levar pra um pássaro filhote que está ali no jardim.
- Que legal! Filhote de quê, você sabe?
- Um pombo.
- Ah, mas você vai alimentar um pombo? Eles são tão...
- É um animal como outro qualquer.
- ...

Mais tarde fui ler um livro na pracinha. Encontrei o filhote com outros pombos crescidos, que iam e vinham buscando alguma comida. O pequeno se aconchegou embaixo de um banco e lá ficou durante toda a minha leitura. Fui embora com medo das pessoas que mais tarde ali passariam, da noite que estava chegando. Será que ele já sabia voar?

No dia seguinte, voltei à procura do meu pequenino. Procurei no jardim e não o encontrei. Meu peito se encheu de uma tristeza, será que ele estava bem? Foi aí que ouvi o filhote "gritar" lá do alto, junto com os demais. Ah sim, o meu queridinho já sabia voar :)

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