Quando era pequena, estava folheando uma revista da minha mãe, uma Claudia, se não me engano, e uma matéria me chamou a atenção. O título era "Vegetarianismo", escrito com uma fonte enorme - e verde, claro. Comecei a ler e adorei a idéia de não comer mais os bichinhos que eu tanto gostava.
Em casa, sempre tivemos muitos bichos. Com freqüência também apareciam pombos machucados que meu pai pegava pra cuidar. Quando ele lavava o quintal, as minhocas acabavam sendo jogadas pra fora do jardim e depois, ele ia lá cuidadosamente colocá-las de novo na terra. E assim era com os tatu bolas (que eu adorava!) e as lagartixas que ninguém matava, afinal, não faziam mal algum.
Óbvio que, como eu era criança e vivia em meio a uma família onívora, minha investida não obteve sucesso e durou apenas o tempo de uma refeição.
Já adolescente, eu curtia muito punk e hardcore, meio onde existem muitos vegetarianos e vegans. Descobri o lanche de soja do Hangar. Admirava meus amigos que não comiam carne. Tive informações ao meu alcance, mas como eu não tinha um motivo muito forte, afinal, nunca gostei de assistir vídeos ou ver fotos de atrocidades (não conseguia dormir depois), foram apenas mais algumas tentativas sem êxito ao longo de muitos anos.
O regime
Há dois anos eu estava com sete quilos a mais. Me assustei e fiz um regime maluco que funcionou muito bem. Conforme fui emagrecendo, percebi que não poderia almoçar frutas o resto da vida, e comecei a pesquisar sobre dietas. Resumindo: acabei aprendendo a comer.
Minhas refeições finalmente eram nutritivas e balanceadas e seguiam mais ou menos o seguinte esquema:
- arroz integral
- feijão (uma vez por semana)
- grelhado (normalmente frango ou peixe, porque a carne vermelha grelhada fica dura demais)
- salada com verduras e legumes
No café da manhã, lanche da manhã e da tarde comia frutas, iogurtes e cereais integrais. Refrigerantes, fast food e massas só nos fins de semana. Lindo, não é? Sim, refeições lindas e enjoativas. Não sabia, mas não aguentava mais grelhar frangos e peixes. Tudo insosso, mas era um bom esforço em nome da saúde e da boa forma.
O choque
Num domingo, estava me arrumando pra sair de casa e fui até a sala falar com a minha mãe, que
assistia Late Show. No programa, passava uma retrospectiva de tudo o que eles já tinham feito em prol dos animais. Não aguentei e sentei na sala pra assistir. Foi um programa triste, pois foram muitas imagens tristes.
E foi ali que eu entrei de vez naquele mundo. Cenas de cachorros e outros animais maltratados ao
extremo, como é feito o patê de fígado de ganso e o pior: a índústria da pele. Aquelas imagens
nunca mais vão sair da minha memória.
Chorei e chorei muito nesse dia. Só conseguia pensar que se Deus está vendo tudo isso, e sim, ele
está, nós estamos realmente encrencados. Como pode o homem fazer crueldades com tantos bichos que não nos fazem mal algum?
Pois é, o programa nem tocou no assunto vegetarianismo. Mas eu sabia que a crueldade também
estava pos trás dos alimentos que ingerimos. No dia seguinte, comecei minhas pesquisas e nunca
mais coloquei um pedaço de carne na boca, seja de vaca, porco, peixe ou frango.
As mudanças
Na primeira semana senti uma dor de cabeça leve e constante, que depois passou. Emagreci mais um quilo.
Minhas prateleiras da cozinha agora têm soja de todos os tipos, shoyu e tofu. Comprei livros de receitas vegetarianas, tenho uma pasta no meu computador com dezenas delas. Na Internet temos um mundo de informações.
Com o vegetarianismo eu aprendi a cozinhar. Saí daquela mesmice diária, agora faço os mais diversos pratos, como de tudo um pouco. É simplesmente maravilhoso. E eu que um dia dizia que seria difícil aprender a cozinhar. Me imaginava na minha casa, sozinha, fazendo hambúrgueres e
arroz papa.
Tudo o que aprendi com a minha dieta continuo seguindo. Se antes eu achava que havia aprendido a comer, e agora, então? São infinitas possibilidades.
Ainda continuo consumindo leite e ovos, ainda tenho sapatos e cintos de couro. Não os quero comprar mais, mas também não vou jogar os que tenho fora. Nesse aspecto eu vou caminhar um pouco mais devegar, quero pesquisar mais. Mas sim, seria a segunda parte de um sonho que já foi parcialmente concretizado!
Quero consultar um nutricionista, pois por duas vezes tive um pequeno início de anemia (isso bem antes de virar vegetariana). Não quero ficar doente! E aí está uma outra batalha: achar um médico que seja pró-vegetarianismo. Nem todos o são e eu mesma já ouvi de um que "essa história de ser vegetariano não dá certo". Então como existem tantos por aí, super saudáveis?
Bom, esse foi o meu começo! Conte como foi o seu também para que seja publicado aqui!
Abraços.
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